segunda-feira, 26 de março de 2012

segunda parte da crônica

O flautista sabe quem é... Dizem que o amor é cego, e que a loucura sempre o acompanha, uma perspectiva interessante, venha vamos destrinchá-la. Entendamos o amor como uma força incomensurável a qual está inata em todos nós, mas atenção, não falo sobre o amor segundo Petrarca, ou que Shaekspeare consagrou em Romeu e Julieta, infelizmente não há espaço para este tipo de amor hoje em dia, ele é corruptível, e se desgasta com o tempo, assim prefiro o que diz kundera em a insustentável leveza do ser, sobre o amor entre duas pessoas, “os amores são como os impérios, desaparecendo a idéia sobre a qual foram construídos morrem junto com ela”. Em resumo este tipo de amor sim pode ser acompanhado da loucura. Estou falando de um amor mais completo, e, por conseguinte mais complexo, é aquele amor que faz com que nos sintamos bem ao ver as realizações do próximo, talvez seja, eu disse talvez, este o amor que o grande pai celestial dotou a todos nós, a diferença é que alguns (muito poucos) se deixam contagiar por ele, enquanto que noutros ele nunca participará da periferia de seus sentimentos. Assim sendo o oposto do amor segundo a frase devia ser o ódio e não a loucura, portanto, “o amor é cego e o ódio sempre o acompanha”, sentimentos diametralmente opostos, mas que não podem viver um sem o outro, já dizia o poeta; “não existiria som, se não houvesse o silêncio, não haveria luz se não fosse à escuridão”, em resumo amor e ódio são como o bom e o mal, o yn-yang, é a dualidade que se unifica. Corrigida a frase, voltemos ao drama, cabe a loucura um papel especial nestas linhas iniciadas na edição passada, aí esta ela sempre a nosso lado, pronta a atacar, como uma hiena que se manifesta quando se sente maior que nós, sim, a loucura se sentiu feliz com a partida de alguém, pois, com sua ida coube a si o papel de protagonista, e íi está ela com seu novo visual de galante e seu sorriso enigmático. Coitadinha, mal sabia ela que não conseguiria cumprir com suas expectativas. Sua alegria triunfante inicial foi sendo substituída por um desespero constante, no mesmo ritmo que aumentava a sua obrigação empregatícia, ao final do primeiro dia viu que não suportaria tanto trabalho, e apesar de ser conhecida por sua fama de nunca dormir, sentiu-se pronta a entregar-se-á pelo menos uma soneca benfazeja. Já quase exaurida de forças resumiu seu dia com uma frase lacônica - mas que merda que vou fazer com esse bando de loucos? De fato era gente demais endoidecendo, a loucura não aguentava mais, antes quando a fujona estava aqui não era assim, as coisas tinham um equilíbrio e este era ultrapassado as vezes em favor da loucura, que comemorava em tiques de alegria, mas, agora era tudo diferente, o bando de loucos era a humanidade toda, um bando grande demais, a loucura logo percebeu que não iria dar conta de tanto serviço, se sentia estressada, (e quer uma coisa mais estressante que um bando de gente? Ainda mais se todos forem loucos ou vendedores de rede), trabalhava demais e neste ritmo acabaria por ficar louca, pensou neste assunto com extremada ironia, imagine só, eu que sempre levei meus talentos a todos me deixar contaminar por ele? Inaceitável, a loucura com toda sua ânsia por novos beneficiários de sua ideologia, sempre fora uma pessoa normal, e não poderia mais trabalhar caso não pudesse espalhar seu dom por estar acometida por problemas mentais, não podemos deixar isto acontecer. Então nossos digníssimos governantes resolveram enviá-la na comitiva de diplomatas que partiriam no encalço da famigerada fugitiva, agora procurada por todo o universo, viva ou... Bem, viva ou viva, não teria utilidade nenhuma morta. Assim nossa heroína partirá de mala e cuia, na novíssima nave da diplomacia (a esperança emprestou seu nome para a empreitada), os diplomatas pensando na honra individual de cada um, e a loucura em busca de sua parcela unificadora, não queria honras de estado , condecorações, tampouco a alcunha de heroína que teimamos em chama - lá, não estava interessada nessas trivialidades mundanas tão comuns entre os pobres filhos de adão, só queria que as coisas voltassem ao normal, além do mais ser utilizada assim tão exageradamente, queria muito um pouco de descanso - Tão achando o que hein ? Mexer com gente, antes mexer com vacas, são muito mais fáceis de lidar! ... Continua. tuliofmendanha@hotmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário