terça-feira, 13 de março de 2012


Da arte ainda resta o espírito.

Há tempos que venho observando-o, das muitas vezes sem muito interesse ou curiosidade pelo cidadão, não sei se devido a descrença no que me diziam ao seu respeito,quando confrontando as informações fornecidas, com aquele estilo estranho de se vestir, agregado de uma barba considerável não deixada propositalmente ou de certo modo não feita, e talvez ele nem se lembrasse de que ali ela existia, um dia uma camiseta  social, no outro dia uma xadrez, em outras ocasiões a mesma camisa social, em outras mais especiais, a outra mesma camisa xadrez. Seria isso bem cômico para mim se hoje eu não usasse camisetas xadrez e a barba a sem fazer ( mas tenho umas três camisetas xadrez, e são lavadas freqüentemente). Certa vez despertou- me sim uma pequena curiosidade, quando numa roda dessas de bar onde só se fala em futebol, jogos de cartas, Chico desse mais uma. Tipo esses da Vila Operária nas proximidades da '' Vila Guerra'', este mesmo cidadão começa a lançar de frases e pensamentos, meio sem nexo, mas que um Acadêmico em História, Filosofia, Geografia, Sociologia... Ou algum alternativo ai de Pirinóplolis ou Cidade de Goiás (Goiás Velho para os íntimos) poderia sim perceber algum fundamento no que era dito, sem mencionar os adeptos de Raul Seixas, Pink Floyd, Os Mutantes e por ai vai. Verdadeira ''filosofia de boteco''. Bom ai partindo de uma óptica diferente, pode se perceber ali, o quem em primeiro momento só se mostra uma questão simples de''loucura'', tipo a que Desidério se refere (O elogio da loucura. Erasmo de Rotterdam) percebe-se ali uma notável intelectualidade, dessas de maluco mesmo, inteligência e loucura se mesclando, como li em escritos de meu amigo Túlio Fernando: ''uma dualidade que se unifica''. “Òtima definição principalmente para quem acredita que,” inteligência e loucura são parceiros daqueles inseparáveis. Devido á essas observações, um maior interesse e algumas perguntam a mais sobre aquele mesmo cidadão, eis que me dizem que aquele nada mais nada menos que o Senhor José Geraldo de Paiva, para o meio artístico simplesmente Di Paiva. Sim senhoras e senhores o Di Paiva, eis o artista plástico, o escritor, o louco, o intelectual, conhecido de todos não somente em inhumas, mas em vários outros lugares, por seus trabalhos...
Suas criações. Há quem só o conheça pelo simples fato de morar há um bom tempo nessa já aqui mencionada tal de Vila Operária, sim muitos o conhece só por esses dados que não o fazem juz, seus vizinhos, estudantes, donos de butequins, doutores, professores e comunicadores. Toda essas vertentes de nossa digníssima sociedade, em uma noção aproximada de quem seria esse ''pacato cidadão'', ouve -se frases como: Sim conheço ele ''vei'', ele pintava quadros. Sim Sim, alguém quase acertou quem ele é. Se não fosse a falta de reconhecimento por seus trabalhos, pintava o que? Onde pintava? Quais pinturas de maior relevância? Prêmios?Sem essas perguntas não se pode ter a noção que seu vizinho ou que o cliente de poucas dozes do barzinho já foi e é um grande artista plástico de nossa cidade, um talento nato que já teve e seus momentos de reconhecimento no mundo das artes plásticas e na Academia de Letras( ALCAI). Este é um dos muitos casos em que convivemos com um artista sem ter a exata noção do que ele foi e é, tendo em vista que para mim o artista independentemente de seu momento  é  e  vai ser sempre artista, este dom foi legado a ele pelo criador, o dom da criação o artista não morre, ''ele não abandona a arte e isto se torna recíproco''.
     Em se tratando de não conhecer tal talento, me pergunto a que se deve tal injustiça da minha parte? Duas teorias instantâneas. Uma que: no meu caso, talvez o fato de não tiver despertado anteriormente certo interesse sobre a vida e a obra de DI Paiva, pode ser pelo fato que o auge de sua carreira se deu em meados da década de 80 onde eu ainda despontava para a vida (1985). Outro ponto que alego é por, não ter tido informações suficientes sobre tal ser. Este ultima linha de pensamento é o que de certa forma mais me convém abordar, o fato que a cidade diante de suas possibilidades não deu o devido valor a seu filho talentoso não somente este, mas também a vários outros que ai estão. Seria total pertinência e ignorância de minha parte dizer que não houve reconhecimento algum, sim claro que sim, diversos jornais registraram grande número de cerimônias e entrega de prêmios dos quais Di Paiva e outros mais receberam. Mas ainda sim me pergunto. Seria o bastante para reconhecer e valorizar tantos talentos inhumenses, em se tratando de uma cidade quase desprovida de cultura, ou se tem a vejo como uma cultura ''elitizada''. Não posso deixar de citar também uma provável falta de comunicação, e pode ser que até mesmo falta de interesse do próprio artista, que não cabe a mim dizer por falta de comprovação, como já disse pelo fato de serem inteligentes também são loucos mesmo, más que não é novidade para quem no mínimo se interessa por cultura, pela arte, pelo que foi criado que em nossa cidade pelo que vejo as oportunidades são para poucos, muitos produzem, poucos publicam, poucos são convidados a participarem, convites estrategicamente elaborados e endereçados a certo grupo, nomeações, homenagens, títulos de cidadão inhumense que sinceramente não sei qual o critério usado para tais nomeações. Critério de hereditariedade? Ou localização geográfica? Política talvez (pelo menos aqui para “Vila Guerra" não veio nenhum) enquanto outros ficam ao esquecimento, guardando apenas recortes de jornais do século passado, das quais o tempo deixou sua marca e digitais amareladas, onde os escritos só se permitiu estar ainda legível em sinal de respeito que o próprio senhor tempo demonstra.
Não cabe a mim julgar tais questões, sendo que este ser aqui, que de cultura e arte pouco entende, que apenas está começando a admirar tais valores. O que me espanta é que eu com tantas limitações ao tema já tenha percebido tantas carências em nosso município, enquanto quem tem o entendimento e nomeações que se diz ter não dão a mínima para o fato. Só venho expor tal situação em nome de todos os ''esquecidos e excluídos'', está é uma simples observação em honra a quem fez pela cidade desprovida de cultura.
Quantos tempos mais irão tentar ressuscitar o já decomposto Gremy, não que este não tenha tido seu valor e importância, mas para mim isso é passado, vamos inovar criar e experimentar novos caminhos vamos dar oportunidades para outros, não vamos economizar em papeis para convites de eventos culturais, a cultura não está somente no centro da cidade, e sim também nas suas extremidades. Viva a diversidade, viva os novos e velhos talentos, viva Adolfim da Viola, viva a música sertaneja de raiz do Bar do Irís, os sambões, o que mais tiver cultura, viva Nonato, ou até mesmo o benzedor contador de histórias aqui da ''Vila guerra'', viva tudo e todos, e abaixo a ''elitização e monopolização'' da cultura inhumense.
O jornal O MANIFESTO parabeniza a todos os artistas inhumenses ''incluídos e excluídos''. Eis que o grande Di Paiva em seu momento mais ''underground'' veio nos despertar para tais questões. E para maiores informações este continuum a produzir nunca parou e acredita que nem irá como já disse anteriormente: ''o artista nunca abandona a arte e isto se torna recíproco''. Em busca de palavras que pudesse descrever Di Paiva, encontrei a escritos de Raimundo Nonatto também um grande talento de nossa cidade (este que também iremos abordar em edições seguintes) que disse ao Jornal O Goianão de Abril de 1996 a seguinte descrição sobre o talento de Di Paiva: '' Pintor de forte personalidade, louco manso e sensível, observador da natureza que o cerca, tirando do seu meio ambiente o objeto de sua sedução". VIDA COMO A ARTE E VICE E VERSA.
Esta é nossa humilde e respeitosa homenagem á DI PAIVA todos os artistas que levaram o nome de nossa cidade em suas carreiras.

Por.
Daniel Lucas
Diretor/Idealizador do jornal O MANIFESTO
Historiador Acadêmico pela Universidade Estadual de Goiás
llukasramone@hotmail.com

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