quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Etnocentrismo


Etnocentrismo !



Era uma vez uma escola onde tudo era perfeito. Todos sabiam seus limites e respeitavam os direitos e as diferenças do próximo. Assim, eles viviam harmonicamente. Porém, isso só acontecia, pois aprendiam desde cedo sobre a grande diversidade cultural existente em todas as sociedades.
            Desta forma, os alunos perfeitos, viam as diferenças no ambiente escolar como um elemento educativo, alegando sempre que o diferente não é aquele que deve ser evitado, mas sim alguém que lhes acrescentara valores e informações sobre os mais variados costumes e crenças impregnados na sociedade.
            Contudo, mesmo diante de tanta perfeição, algumas pessoas interessadas em melhorar cada vez mais essa escola perfeita, nunca se distanciaram de suas obrigações, se mantendo sempre presentes, orientando todos os seus integrantes a nunca excluírem de seu convívio grupos étnicos diferentes, pois isso seria considerado etnocentrismo, seria uma conclusão preconceituosa a respeito da cultura do outro, e seria o oposto de tudo que era pregado naquela comunidade escolar, onde todos se respeitavam e trocavam experiências.
            Infelizmente, bem distante desta escola maravilhosa, e provavelmente tão desejada por todos, existe uma escola que é completamente o oposto. Uma escola em que as diferenças não se manifestam de forma tão positiva, mas sim como forma de segregação.
            Sabemos que é muito difícil nos despirmos de nossas crenças e valores. Ainda não conseguimos encarar as diferenças sem expressarmos nenhum tipo de preconceito, ou sem julgar o diferente através do nosso próprio ponto de vista. Com isso, em vez de termos uma escola perfeita, e até mesmo uma sociedade perfeita, onde todos sabem conviver com essa grande pluralidade cultural, temos uma escola que prepara seus alunos para uma divisão social.
            Estamos conscientes que o etnocentrismo ocorre em todos os setores da sociedade, sendo que até mesmo Heródoto (484-424 a.C.), o grande historiador grego ao considerar os costumes dos lícios diferentes de todas as outras nações do mundo, tomando como referência sua própria sociedade patrilineal, agiu de maneira etnocêntrica, assim, na escola não poderia ser diferente. Podemos perceber isso claramente em simples atitudes, como por exemplo, a formação de grupos que possuem maior afinidade e se distanciam dos demais, ou até mesmo na divisão dos alunos entre “os aplicados” e “os desinteressados”, o que gera uma competitividade, e uma grande aversão a aquele que é considerado como menos inteligente que os demais.
            De fato, a escola deveria ser um ambiente de unificação das mais variadas culturas, tendo como uma de suas finalidades não somente ensinar conteúdos pré-programados, mas também ensinar seus integrantes a respeitarem o outro, sem julgar-se melhor que ele. Porém, isso não é o que na maioria das vezes acontece, o que percebemos hoje é uma divisão cada vez maior, pois a tendência é nos aproximarmos dos nossos semelhantes e nos afastarmos daqueles que achamos, preconceituosamente, estranhos.
            Ser diferente não pode ser entendido como ser inapto a estar entre os “normais”. É urgente a necessidade de construirmos uma mentalidade social capaz de ver o mundo como ele realmente é, precisamos nos reeducar, precisamos seguir o exemplo daquela “escola perfeita” citada anteriormente, pois as diferenças existem, e cabe a nós nos despirmos de tanto etnocentrismo, para darmos espaço para o “outro” falar de si mesmo, sem ser julgado e nem tido como inferior em relação às demais culturas.


Email: Kellyribeiro.hist@hotmail.com
           

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