segunda-feira, 26 de março de 2012
segunda parte da crônica
O flautista sabe quem é...
Dizem que o amor é cego, e que a loucura sempre o acompanha, uma perspectiva interessante, venha vamos destrinchá-la. Entendamos o amor como uma força incomensurável a qual está inata em todos nós, mas atenção, não falo sobre o amor segundo Petrarca, ou que Shaekspeare consagrou em Romeu e Julieta, infelizmente não há espaço para este tipo de amor hoje em dia, ele é corruptível, e se desgasta com o tempo, assim prefiro o que diz kundera em a insustentável leveza do ser, sobre o amor entre duas pessoas, “os amores são como os impérios, desaparecendo a idéia sobre a qual foram construídos morrem junto com ela”. Em resumo este tipo de amor sim pode ser acompanhado da loucura.
Estou falando de um amor mais completo, e, por conseguinte mais complexo, é aquele amor que faz com que nos sintamos bem ao ver as realizações do próximo, talvez seja, eu disse talvez, este o amor que o grande pai celestial dotou a todos nós, a diferença é que alguns (muito poucos) se deixam contagiar por ele, enquanto que noutros ele nunca participará da periferia de seus sentimentos.
Assim sendo o oposto do amor segundo a frase devia ser o ódio e não a loucura, portanto, “o amor é cego e o ódio sempre o acompanha”, sentimentos diametralmente opostos, mas que não podem viver um sem o outro, já dizia o poeta; “não existiria som, se não houvesse o silêncio, não haveria luz se não fosse à escuridão”, em resumo amor e ódio são como o bom e o mal, o yn-yang, é a dualidade que se unifica.
Corrigida a frase, voltemos ao drama, cabe a loucura um papel especial nestas linhas iniciadas na edição passada, aí esta ela sempre a nosso lado, pronta a atacar, como uma hiena que se manifesta quando se sente maior que nós, sim, a loucura se sentiu feliz com a partida de alguém, pois, com sua ida coube a si o papel de protagonista, e íi está ela com seu novo visual de galante e seu sorriso enigmático. Coitadinha, mal sabia ela que não conseguiria cumprir com suas expectativas. Sua alegria triunfante inicial foi sendo substituída por um desespero constante, no mesmo ritmo que aumentava a sua obrigação empregatícia, ao final do primeiro dia viu que não suportaria tanto trabalho, e apesar de ser conhecida por sua fama de nunca dormir, sentiu-se pronta a entregar-se-á pelo menos uma soneca benfazeja. Já quase exaurida de forças resumiu seu dia com uma frase lacônica - mas que merda que vou fazer com esse bando de loucos?
De fato era gente demais endoidecendo, a loucura não aguentava mais, antes quando a fujona estava aqui não era assim, as coisas tinham um equilíbrio e este era ultrapassado as vezes em favor da loucura, que comemorava em tiques de alegria, mas, agora era tudo diferente, o bando de loucos era a humanidade toda, um bando grande demais, a loucura logo percebeu que não iria dar conta de tanto serviço, se sentia estressada, (e quer uma coisa mais estressante que um bando de gente? Ainda mais se todos forem loucos ou vendedores de rede), trabalhava demais e neste ritmo acabaria por ficar louca, pensou neste assunto com extremada ironia, imagine só, eu que sempre levei meus talentos a todos me deixar contaminar por ele? Inaceitável, a loucura com toda sua ânsia por novos beneficiários de sua ideologia, sempre fora uma pessoa normal, e não poderia mais trabalhar caso não pudesse espalhar seu dom por estar acometida por problemas mentais, não podemos deixar isto acontecer. Então nossos digníssimos governantes resolveram enviá-la na comitiva de diplomatas que partiriam no encalço da famigerada fugitiva, agora procurada por todo o universo, viva ou... Bem, viva ou viva, não teria utilidade nenhuma morta. Assim nossa heroína partirá de mala e cuia, na novíssima nave da diplomacia (a esperança emprestou seu nome para a empreitada), os diplomatas pensando na honra individual de cada um, e a loucura em busca de sua parcela unificadora, não queria honras de estado , condecorações, tampouco a alcunha de heroína que teimamos em chama - lá, não estava interessada nessas trivialidades mundanas tão comuns entre os pobres filhos de adão, só queria que as coisas voltassem ao normal, além do mais ser utilizada assim tão exageradamente, queria muito um pouco de descanso - Tão achando o que hein ? Mexer com gente, antes mexer com vacas, são muito mais fáceis de lidar! ... Continua.
tuliofmendanha@hotmail.com
Ao Soar das Teclas!
Ao soar da teclas
Relicário do Esporte Inhumense
Gostaria de inaugurar essa coluna tratando do esporte em nossa cidade o que pretendo fazer a partir da década de 80 ou, mais precisamente, o ano de 1982, que foi o ano em que cheguei a Inhumas, vindo de São Paulo, juntamente com a minha família. Parto deste ponto para chegar à atual conjuntura em que se encontra o esporte em nossa cidade.
Quando aqui cheguei aos 11 anos de idade, podíamos escolher dentre várias modalidades esportivas as que desejássemos praticar, havia escolinha de natação, escolinhas de futebol, escolinhas de basquetebol, escolinhas de voleibol e ainda no período de férias havia uma colônia de férias da prefeitura municipal que não deixava os alunos ociosos no período. Pois bem, por que relembro isso? Eu explico. De lá para cá muito se avançou no sentido de se garantir às crianças e aos jovens um crescimento saudável protegendo-os de toda e qualquer ação que pudesse prejudicar seu pleno desenvolvimento físico e psicológico. Dentre eles podemos destacar a elaboração do Estatuto da criança e do adolescente, o Programa de erradicação do trabalho infantil, os programas sociais como Bolsa-escola e Bolsa-familia a fim de assegurar a permanência da criança na escola. Juntamente com o aparecimento desses programas também cresceram as situações de risco que afetam a vida de muitos jovens não só na nossa cidade, mas em todo o país como é conhecido de todos, uma vez que os meios de comunicação não param de noticiar esses fatos como a prostituição infantil, o trabalho infantil, as drogas, o ingresso cada vez mais cedo à marginalidade, dentre outros.
Aqui em Inhumas o que o esporte tem oferecido aos nossos jovens? Ajudem-me se eu estiver errado, mas só conheço as escolinhas municipais cujas atividades se encerram quando a criança completa 15 anos, ou seja, no período em que o jovem mais precisa estar envolvido em uma atividade salutar como o esporte isso lhe é arrancado. Pesquisas comprovam que é nessa fase que acontecem os primeiros contatos com o cigarro, com as drogas licitas e ilícitas e com a criminalidade. É claro que temos que reconhecer o trabalho de várias instituições que se dedicam a oferecer aos jovens opções de estarem protegidos de todas essas mazelas e formarem cidadãos através de seus projetos como é o caso da FAMI. Mas essa não é a questão principal que pretendo tratar aqui, já que, essas questões sociais são de uma complexidade que fugiria ao tema esporte que pretendo tratar e nem pode ser o esporte o salvador da pátria e, sim um importante instrumento na luta contra tais mazelas e a favor da formação do cidadão como conhecedor do seu papel na sociedade.
A experiência adquirida através de vários anos com esporte nos mostra que nossa cidade tem potencial pra fazer muito mais pelos nossos jovens, se tal ferramenta fosse mais bem aproveitada pelos nossos gestores e pela sociedade como um todo. Nossa cidade tem uma estrutura esportiva que poucas cidades do estado e, me arrisco a dizer, do país tem. São campos de ótima qualidade, quadras que precisam de mais atenção, ginásios que poderiam ser melhores aproveitados em projetos esportivos que contemplem outras modalidades esportivas e não apenas o futebol.
Para se ter uma idéia de como aqui em Inhumas “se chove pra cima” todos os anos acontece em nossa cidade um dos maiores eventos esportivos do estado de Goiás, que é a Maratona Esportiva Inhumense e que, engloba diversas modalidades esportivas tendo como grande atração o Futsal com mais de 80 equipes inscritas todos os anos somente na categoria adulto. Agora me digam se não é, no mínimo intrigante, saber que não existe uma escolinha de futsal na cidade, como resultado temos uma competição onde os competidores mal conhecem as regras do jogo e o fazem como se estivessem atuando no campo o que prejudica a estética do jogo e o trabalho da arbitragem que precisa estar ensinando regras aos competidores, chega a ser pitoresco. Isso sem falar nas outras modalidades tem competição de voleibol, mas não temos escolinha de voleibol; tem competição de handebol, mas não temos escolinhas de handebol; tem competição de basquete, mas não temos escolinhas de basquete. As atenções se voltam apenas para o futebol e, como dito anteriormente, só até os 15 anos de idade após isso se o jovem tiver condições de continuar treinando fora de Inhumas bem, senão, será mais um talento perdido devido a concorrência desleal com outras atividades, repito, muitas vezes nada salutares.
Pra falar de esporte em Inhumas não podemos deixar de lado a nossa maior marca esportiva que é o Inhumas Esporte Clube, a nossa querida “Pantera Avinhada” que está vagando pela terceira divisão do futebol goiano. A equipe “Bola de Ouro” da Rádio Jornal de Inhumas, mais uma vez, está fazendo a cobertura do campeonato goiano da primeira divisão e nas nossas andanças pelo interior de Goiás constatamos que é difícil encontrar uma cidade com o potencial da nossa.
Temos um ótimo estádio, o melhor do interior goiano, levando-se em conta gramado, segurança, condições de trabalho para a imprensa e não temos um time. Vejo que a cidade de Inhumas desacostumou a ser representado na elite do futebol goiano e a política tem atrapalhado esse processo. Falta incentivo do poder público e do empresariado para a formação de uma equipe competitiva e que nos represente bem.
É necessário que o empresariado entenda que uma equipe de futebol com um projeto sério, movimenta a cidade gerando divisas. É necessário que haja incentivo para que as categorias de base do Inhumas funcionem o ano inteiro para que a base esteja pronta para as competições a serem disputadas. Essa semana em conversa com o Presidente do Inhumas Alessandro Valim ele nos disse que um projeto para as categorias de base em parceria com a Ponte Preta de Campinas ( São Paulo) e o ex jogador Romeu( Goiás EC, Inhumas EC, Ponte Preta entre outros) que esta morando em Inhumas está em andamento, fica a nossa torcida para que o projeto saia do papel e que encontre os parceiros necessários para a implementação do mesmo.
No mais reafirmo que uma cidade com tanto potencial para o esporte não pode viver apenas de escolinhas de futebol que fecham suas portas quando os jovens mais precisam nelas estarem inseridos. Um abraço e até a próxima conversa ao soar das teclas.
Neilton Carlos é formado em Letras e cronista esportivo filiado a ACEEG(Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de Goiás)
neilton4ever@hotmail.com
terça-feira, 20 de março de 2012
O manifesto conta com seu mais novo colaborador !
João Gabriel da Fonseca Mateus é graduando em Licenciatura em História pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás – Campus Goiânia. É autor do livro Educação e Anarquismo: uma perspectiva libertária; Rizoma Editorial, 2012. É membro da comissão editorial da Revista Eletrônica Espaço Livre.
E-mail: joaogabriel_fonseca@hotmail.com
No Estado ou contra o Estado? A greve da educação na rede estadual de Goiás
João Gabriel da Fonseca Mateus
As greves e protestos em relação à educação pública brasileira mostram o descaso do Estado frente à educação pública. Naturalmente, quando a opressão se estabelece a sua negação - a luta - se instala. Indivíduos e instituições se entrelaçam em um complexo sistema de luta em todo esse processo. Protestos, carreatas, caminhadas e manifestações emergem espontaneamente. Para que isso aconteça, um estopim se dá. Qual seria ele, além do sucateamento das escolas? Más condições de trabalho de servidores e professores, falta de recursos à educação, corrupção, destrato a professores? O estado de Goiás está nesse emaranhado de questões que provocam o descontentamento generalizado da população. O exemplo desses fatos, tanto nos governos municipais como no governo estadual, está no descompromisso e nos desvios de recursos destinados à educação. Diante desse quadro, os trabalhadores da educação em Goiás foram forçados a mais uma greve contra a precarização do trabalho e pela manutenção de conquistas trabalhistas advindas de lutas anteriores que reivindicavam por melhores condições de trabalho, mas, logo foi declarada como ilegal pelo Judiciário do Estado de Goiás. Simplesmente, presidida por Thiago Peixoto, a SEE apresenta, de forma distorcida e com manobras enganadoras, um “Pacto da Educação em Goiás” e afirma o aumento salarial, quando afirmam estar pagando assim, o “piso”. O tão mentiroso piso.
O governo de Goiás declarou que estava cumprindo o piso fazendo a incorporação de verbas das gratificações e substituindo-as. Essa incorporação da gratificação ao piso aponta para o seu significado: a destruição do Plano de Carreira. Pronto. A partir deste momento, o governo se recusa a dialogar com os trabalhadores. Os projetos que destruíram a carreira do professor e desrespeitaram a do administrativo foram elaborados e aprovados sem sequer serem apresentados aos educadores. Os motivos reais da greve, portanto, estão postos. Seriam estes apenas questões particulares a qualquer trabalhador que é submetido à exploração?
Para respondermos a tais indagações, precisamos apresentar outro fator de real interesse desse texto, tratando-se da questão da organização. Outra questão é que o SINTEGO (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Goiás) está no “comando” da greve.
Afirmo primeiramente que a greve é de fato dos professores e deve ser até seu fim e não ficar na mão de um sindicato que busca a todo o tempo lançar mão da combatividade e entrar no campo do reformismo, utilizando-se da lei para dirigir o movimento dos professores. Podemos exemplificar tal afirmativa quando Déborah Gouthier lançou a seguinte manchete no jornal Opção em meados de fevereiro: “Ministério Público vai atuar como mediador entre SINTEGO e governo estadual”. Tal manchete só corrobora com nossa acusação frente ao sindicato que está tentando manter uma relação de harmonia com ambos os lados para por fim à greve sem nenhuma vitória do professorado.
Diante desta situação que o SINTEGO se comprometeu a encaminhar uma proposta de suspensão da paralisação, desde que o governador tucano Marconi Perillo se reunisse com a direção do sindicato mediado pelo Ministério Público. O encontro aconteceu e a paralisação foi definida pela maioria absoluta dos manifestantes, porque o governo estadual, além de achatar a carreira dos professores, retirou a gratificação de titularidade piorando ainda mais a situação dos trabalhadores da educação.
A reflexão dessa greve nos remete a pensar também o trabalho docente e a carreira do aluno. O pensamento das autoridades políticas do Estado de Goiás está em implementar projetos e políticas burguesas (modificação da proposta pedagógica, nova matriz curricular, gratificações para segurar o professor no “fardo” da educação), para assegurar aos partidos políticos seus interesses particulares, menos com a educação – enquanto ensino. De toda maneira, tudo isso só comprovam mais uma vez a ineficácia do Estado frente aos anseios da sociedade. Quanto à proposta de greve, os professores estão apenas exigindo o cumprimento da lei federal (piso salarial nacional) e reivindicando que não se corte o plano de carreira. Coisas supérfluas? De maneira alguma. Estas reivindicações não colocam o capital em xeque, mas, representa uma diminuição no lucro do estado, já que terá que pagar um pouco mais do que paga atualmente aos professores, e do ponto de vista dos dirigentes do estado, pagar mais para os trabalhadores, representa menos lucro para o seu bolso.
Essas estratégias do estado que torna a vida dos trabalhadores cada vez mais precária, gera movimentos espontâneos dos trabalhadores que buscam questionar de forma direta, através da greve, os insultos realizados pelo Estado. Recentemente, por exemplo, tivemos uma experiência que extrapolou os limites do sindicato dos profissionais da Educação. No ano de 2010, a greve dos trabalhadores da educação acontece. Afirma-se perspectivas de contra-burocratização (indo contra o SINTEGO), defesa do voto nulo, afirmação de que políticos estariam no movimento (ex. Mauro Rubem – PT - que está nesta greve subindo nos palanques a falando aos professores). Os passos foram sendo dados em direção à radicalização da luta como possibilidade concreta de autonomização dos trabalhadores, que romperam com a burocracia sindical e criaram o comando de greve, que esteve totalmente autonomizado do sindicato, e criou, em todo período de greve, estratégias para evitar que o sindicato gerisse a luta dos professores.
Mas, a partir do momento que a luta dos trabalhadores da educação avançou, a Guarda Municipal iniciou o processo de opressão brutal, realizando, prisões e agressões a manifestantes. Neste momento, qual era o motivo pelo qual o comando de greve lutava? O motivo era a opressão sofrida, o descontentamento provocado pelo Estado, e assim, demonstraram que queriam ir além. Criticar. Apresentar que o estado é inimigo do povo.
Contudo, o tempo passa e as decisões após a greve de 2010 favorecem a burocratização da luta dos professores. Os oportunistas infiltrados no movimento propuseram a criação de sindicato. Há alguns que são ingênuos, contudo, esses são mais próximos dos trabalhadores, enquanto a maioria que busca a sindicalização, são integrantes de organizações burocráticas, que desejam cargos privilegiados no estado, por isso, atuam infiltrados nos movimentos dos trabalhadores, para conseguirem alcançar o poder. Essa possibilidade, que está na ideologia da representatividade e do judiciário, vem sendo discutida e começam a divulgar a ideia de se criar um "novo" sindicato. Mas, quais serão seus reais interesses? Seus reais interesses é o de frear as lutas e os embates dos professores frente ao Estado. Destaco isso pois as possibilidades históricas de lutas radicalizadas independentes de organizações burocráticas (partidos, ONGs, sindicatos, etc), estão dadas. Para mim, o professor que assume suas lutas de verdade nega qualquer organização que divide a classe entre dirigentes e dirigidos.
Esse sindicalismo do SINTEGO é aquele sindicalismo cheio de práticas ultrapassadas que até hoje estão de pé em benefício de terceiros (por exemplo, lançar candidatos durante o período grevista). O que a greve demonstrou é a necessidade de uma tomada de consciência por parte da categoria como um todo já que criar um sindicato nada mais faz, do que reproduzir as mesmas práticas de burocratização, delegação do controle da luta a outros, o que, por fim, não contribui com o objetivo dos professores. A experiência da greve da rede municipal de Goiânia está sendo jogada fora pela intenção de criar um sindicato, que substituirá “seis por meia dúzia”, ou seja, o SINTEGO por outro.
A abolição da repressão é obra única e exclusiva de quem a sente. Portanto, o resgate ao lema da Associação Internacional dos Trabalhadores que afirma “A emancipação do trabalhador é obra do próprio trabalhador” se torna necessário para romper de forma direta com o capital e instaurar a autogestão das lutas sociais. A conclusão que podemos tirar a respeito de todos estes protestos existentes atualmente, é que as classes exploradas estão superando as limitações que a burguesia impôs à sua consciência, porém, há muito a se fazer.
Tudo isso me autoriza a parafrasear Winston Smith, personagem do filme “1984”, originário da célebre obra de mesmo nome de George Orwell: “A mentira torna-se verdade e depois mentira outra vez”, deixando claro que as informações são manipuladas de acordo com o interesse do Estado, mesmo que essa subversão signifique mentir e desmentir. E é desta forma que tanto o SINTEGO quanto os indivíduos que afirmam a necessidade de uma direção para luta estão apresentando mentiras aos trabalhadores.
O SINTEGO teme perder o controle sobre os professores, como aconteceu em 2010 na greve do município de Goiânia e Aparecida. Os partidos políticos, quando não estão no poder, sempre tentam fazer da greve um palanque para lançar seus candidatos; quando estão no poder (PC do B, PT, PSDB, por exemplo) são uma força que visam controlar e submeter os trabalhadores em greve. Em 2010, na greve acima citada, os trabalhadores da educação da prefeitura de Goiânia tiveram sua greve terminada pela direção do SINTEGO com manobras para acabar de forma definitiva com a mobilização grevista.
Está clara a criação de uma “Novilíngua” (expressão utilizada por Orwell no livro que tem o intuito de reduzir o vocabulário ao extremo para diminuir a capacidade de pensamento, tornando as pessoas vulneráveis ao Partido que busca impedir a expressão de qualquer opinião contrária ao regime). Novilíngua é a expressão aqui na atual greve de uma dominação das massas por um regime capitalista. Esse poder expresso adultera a mente dos indivíduos e se torna então nessa imutabilidade. A mente é treinada para conceber e aceitar uma realidade que de fato não existe. A Novilíngua reproduz o seu “duplipensar”, no momento em que aceita duas perspectivas totalmente contraditórias: ser trabalhador e defender o Estado. Mesmo assim as aceita. Com o Estado representado de forma onipotente o capitalismo então se torna infalível.
quinta-feira, 15 de março de 2012
Sabedoria mineira
Indignação é uma queixa
Inspiração uma deixa
Da queixa vem o queijo
Que aqui deixo.
Leonardo Daniel
Poema publicado no meu livro
"Quando o Sol Venceu"
Editora Baraúna
O MANIFESTO
ASAS DO INFINITO
O INTERIOR
Quando se pensa no interior, as pessoas imaginam algo a respeito de cidades menores, de cidades pequenas, e desta forma, dominadaspor um orgulho talvez até mítico,de difícil compreensão... Sentimento esse meio gregário e meio acintosoligado ao viver urbano em grandes metrópoles;inflam o orgulho com o menosprezo aos que vivem “na roça”. Paradoxo: pois há também o auto menosprezo dos que vivem no campo em relação a si mesmos.
Sem querer me valer de expedientes sociológicos dos quais não disponho, penso que hoje “ir para roça” é o mesmo do que “ir para o paredão”, mas essa comparação televisiva não resiste ao olhar mais clínico deste contexto social. Análogo a tudo isso, temos ainda a expressão “programa de índio”, para dizer que o programa, geralmente um passeio, é de fato muito ruim, estranho! Já que, a pescaria tão apreciada por muitos, o que é então? Posso, portanto, concluir o quão preconceituosos somos nós em relação ao outro, quando esse outro mora no interior, ou no campo. Nos esquecendo completamente de fundamentos sociais de demografia, pois diga-se de passagem é esse outro quem produz o nosso alimento, dependemos do camponês. E não pense que a mecanização e monocultura é a solução do problema, porque não é.
Lembram-se do Arcadismo na Literatura? Lembram-se de Rousseau na Filosofia? Enfim, por que será que todos urbanos das grandes cidades voam para o mar e para o interior nos feriados e fins de semana? O Arcadismo queria o homem de volta a Arcádia que era um monte sagrado da Grécia Antiga. Rousseau elogiava a vida no campo. A vida simples do campo.
Bem, dito tudo isso, é hora de tentar dizer a verdade. Assim, o interior do coração do ser humano é a realeza da sua alma. Sendo o homem real algo que nasce dentro da consciência que se desperta para a vida de quem éalém de estar o que de fato sempre foi. Afinal não é possível ou salutar que o homem viva fora de si mesmo, por isso somos condenados a sermos livres, e somos condenados a sermos livres aqui e agora, já! E dentro da gente! Para sempre e sempre... De tal modo, o homem deve saber que o reflexo de seus olhos não são vistos só pelas águas do Rio Araguaia, mas sim pela multidão ao seu redor. Isso quer dizer que óculos escuros não escondem tudo. O melhor é ver se realmente há em você o tigre da verdade.
Como aprendi esse tigre mora dentro da gente no nosso “in-terno”... Dentro de nós a tríade perfeita, o terno da Trindade Santa. Se não alimentamos nosso tigre com gestos de autêntica coragem esse tigre simplesmente devora o amor, e ele não faz isso por que quer, ele faz isso porque não há opção. Quando o tigre devora o amor. Só um milagre o fará vomitar o menino de luz. E enquanto isso não acontece a consciência sofre pela falta de luz. E porque agora há um menino pedindo esmola, onde antes havia um reino de paz.
Façamos uma volta ao tema inicial: o mundo externo a nós, as cidades pequenas, o interior para as capitais e grandes centros. É um reflexo do que somos. Deste modo, é tão interessante perceber que no carnaval, haja esse intercâmbio entre capital e interior, ‘sonhos de uma noite de verão’são perigososa meu ver meu senhor. A mesma luz do holofote que ilumina a libido... Deixa o vírus ainda mais invisível. Já pensaram nisso? Senhoras e Senhores. Ah, e antes que eu me esqueça, eu adoro por mil motivos e sem motivos, morar em INHUMAS...Que tal falarmos disso na próxima edição?
Inhumas, 02 de março de 2011
Leonardo Daniel
leodanielrb@yahoo.com.br
Membro da Alcai,poeta e professor
terça-feira, 13 de março de 2012
Da arte ainda resta o espírito.
Há tempos que venho observando-o, das muitas vezes sem muito interesse
ou curiosidade pelo cidadão, não sei se devido a descrença no que me diziam ao
seu respeito,quando confrontando as informações fornecidas, com aquele estilo
estranho de se vestir, agregado de uma barba considerável não deixada propositalmente
ou de certo modo não feita, e talvez ele nem se lembrasse de que ali ela
existia, um dia uma camiseta social, no
outro dia uma xadrez, em outras ocasiões a mesma camisa social, em outras mais
especiais, a outra mesma camisa xadrez. Seria isso bem cômico para mim se hoje
eu não usasse camisetas xadrez e a barba a sem fazer ( mas tenho umas três
camisetas xadrez, e são lavadas freqüentemente). Certa vez despertou- me sim
uma pequena curiosidade, quando numa roda dessas de bar onde só se fala em
futebol, jogos de cartas, Chico desse mais uma. Tipo esses da Vila Operária nas
proximidades da '' Vila Guerra'', este mesmo cidadão começa a lançar de frases
e pensamentos, meio sem nexo, mas que um Acadêmico em História, Filosofia,
Geografia, Sociologia... Ou algum alternativo ai de Pirinóplolis ou Cidade de Goiás
(Goiás Velho para os íntimos) poderia sim perceber algum fundamento no que era
dito, sem mencionar os adeptos de Raul Seixas, Pink Floyd, Os Mutantes e por ai
vai. Verdadeira ''filosofia de boteco''. Bom ai partindo de uma óptica
diferente, pode se perceber ali, o quem em primeiro momento só se mostra uma
questão simples de''loucura'', tipo a que Desidério se refere (O elogio da
loucura. Erasmo de Rotterdam) percebe-se ali uma notável intelectualidade,
dessas de maluco mesmo, inteligência e loucura se mesclando, como li em escritos
de meu amigo Túlio Fernando: ''uma dualidade que se unifica''. “Òtima definição
principalmente para quem acredita que,” inteligência e loucura são parceiros
daqueles inseparáveis. Devido á essas observações, um maior interesse e algumas
perguntam a mais sobre aquele mesmo cidadão, eis que me dizem que aquele nada
mais nada menos que o Senhor José Geraldo de Paiva, para o meio artístico simplesmente
Di Paiva. Sim senhoras e senhores o Di Paiva, eis o artista plástico, o
escritor, o louco, o intelectual, conhecido de todos não somente em inhumas,
mas em vários outros lugares, por seus trabalhos...
Suas criações. Há quem só o conheça pelo simples fato de morar há um bom
tempo nessa já aqui mencionada tal de Vila Operária, sim muitos o conhece só
por esses dados que não o fazem juz, seus vizinhos, estudantes, donos de
butequins, doutores, professores e comunicadores. Toda essas vertentes de nossa
digníssima sociedade, em uma noção aproximada de quem seria esse ''pacato
cidadão'', ouve -se frases como: Sim conheço ele ''vei'', ele pintava quadros.
Sim Sim, alguém quase acertou quem ele é. Se não fosse a falta de
reconhecimento por seus trabalhos, pintava o que? Onde pintava? Quais pinturas
de maior relevância? Prêmios?Sem essas perguntas não se pode ter a noção que
seu vizinho ou que o cliente de poucas dozes do barzinho já foi e é um grande
artista plástico de nossa cidade, um talento nato que já teve e seus momentos
de reconhecimento no mundo das artes plásticas e na Academia de Letras( ALCAI).
Este é um dos muitos casos em que convivemos com um artista sem ter a exata
noção do que ele foi e é, tendo em vista que para mim o artista
independentemente de seu momento é e vai
ser sempre artista, este dom foi legado a ele pelo criador, o dom da criação o
artista não morre, ''ele não abandona a arte e isto se torna recíproco''.
Em se tratando de não
conhecer tal talento, me pergunto a que se deve tal injustiça da minha parte?
Duas teorias instantâneas. Uma que: no meu caso, talvez o fato de não tiver
despertado anteriormente certo interesse sobre a vida e a obra de DI Paiva,
pode ser pelo fato que o auge de sua carreira se deu em meados da década de 80
onde eu ainda despontava para a vida (1985). Outro ponto que alego é por, não
ter tido informações suficientes sobre tal ser. Este ultima linha de pensamento
é o que de certa forma mais me convém abordar, o fato que a cidade diante de
suas possibilidades não deu o devido valor a seu filho talentoso não somente
este, mas também a vários outros que ai estão. Seria total pertinência e
ignorância de minha parte dizer que não houve reconhecimento algum, sim claro
que sim, diversos jornais registraram grande número de cerimônias e entrega de
prêmios dos quais Di Paiva e outros mais receberam. Mas ainda sim me pergunto. Seria
o bastante para reconhecer e valorizar tantos talentos inhumenses, em se
tratando de uma cidade quase desprovida de cultura, ou se tem a vejo como uma
cultura ''elitizada''. Não posso deixar de citar também uma provável falta de
comunicação, e pode ser que até mesmo falta de interesse do próprio artista,
que não cabe a mim dizer por falta de comprovação, como já disse pelo fato de
serem inteligentes também são loucos mesmo, más que não é novidade para quem no
mínimo se interessa por cultura, pela arte, pelo que foi criado que em nossa
cidade pelo que vejo as oportunidades são para poucos, muitos produzem, poucos
publicam, poucos são convidados a participarem, convites estrategicamente
elaborados e endereçados a certo grupo, nomeações, homenagens, títulos de
cidadão inhumense que sinceramente não sei qual o critério usado para tais
nomeações. Critério de hereditariedade? Ou localização geográfica? Política
talvez (pelo menos aqui para “Vila Guerra" não veio nenhum) enquanto
outros ficam ao esquecimento, guardando apenas recortes de jornais do século
passado, das quais o tempo deixou sua marca e digitais amareladas, onde os
escritos só se permitiu estar ainda legível em sinal de respeito que o próprio
senhor tempo demonstra.
Não cabe a mim julgar tais questões, sendo que este ser aqui, que de
cultura e arte pouco entende, que apenas está começando a admirar tais valores.
O que me espanta é que eu com tantas limitações ao tema já tenha percebido
tantas carências em nosso município, enquanto quem tem o entendimento e
nomeações que se diz ter não dão a mínima para o fato. Só venho expor tal
situação em nome de todos os ''esquecidos e excluídos'', está é uma simples
observação em honra a quem fez pela cidade desprovida de cultura.
Quantos tempos mais irão tentar ressuscitar o já decomposto Gremy, não
que este não tenha tido seu valor e importância, mas para mim isso é passado,
vamos inovar criar e experimentar novos caminhos vamos dar oportunidades para
outros, não vamos economizar em papeis para convites de eventos culturais, a
cultura não está somente no centro da cidade, e sim também nas suas
extremidades. Viva a diversidade, viva os novos e velhos talentos, viva Adolfim
da Viola, viva a música sertaneja de raiz do Bar do Irís, os sambões, o que
mais tiver cultura, viva Nonato, ou até mesmo o benzedor contador de histórias
aqui da ''Vila guerra'', viva tudo e todos, e abaixo a ''elitização e
monopolização'' da cultura inhumense.
O jornal O MANIFESTO parabeniza a todos os artistas inhumenses
''incluídos e excluídos''. Eis que o grande Di Paiva em seu momento mais
''underground'' veio nos despertar para tais questões. E para maiores
informações este continuum a produzir nunca parou e acredita que nem irá como
já disse anteriormente: ''o artista nunca abandona a arte e isto se torna
recíproco''. Em busca de palavras que pudesse descrever Di Paiva, encontrei a
escritos de Raimundo Nonatto também um grande talento de nossa cidade (este que
também iremos abordar em edições seguintes) que disse ao Jornal O Goianão de Abril
de 1996 a seguinte descrição sobre o talento de Di Paiva: '' Pintor de forte
personalidade, louco manso e sensível, observador da natureza que o cerca,
tirando do seu meio ambiente o objeto de sua sedução". VIDA COMO A ARTE E
VICE E VERSA.
Esta é nossa humilde e respeitosa homenagem á DI PAIVA todos os artistas
que levaram o nome de nossa cidade em suas carreiras.
Por.
Daniel Lucas
Diretor/Idealizador do jornal O MANIFESTO
Historiador Acadêmico pela Universidade Estadual de Goiás
llukasramone@hotmail.com
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